29 de maio de 2025

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Saúde ocupacional: o que é, por que importa e quais os desafios da área

A saúde ocupacional é uma área estratégica nas organizações e está voltada à prevenção de riscos e à promoção do bem-estar nos ambientes de trabalho. 

Sua atuação é essencial para profissionais do SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) e gestores da área de benefícios, que lidam com decisões que impactam diretamente a saúde física e mental dos colaboradores. 

Entender o papel desse setor permite desenvolver políticas mais eficazes de proteção à saúde e segurança no ambiente profissional.

A relevância do tema se expressa nos números: entre 2012 e 2024, foram registrados 8,8 milhões de acidentes de trabalho e 32 mil mortes em empregos formais no Brasil, segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT). 

Esse cenário reforça a necessidade de encarar a saúde ocupacional não apenas como uma exigência legal, mas como um instrumento essencial de cuidado com as pessoas e da sustentabilidade dos negócios.

O que é, afinal, saúde ocupacional?

A saúde ocupacional é o campo responsável pela promoção e manutenção da saúde dos trabalhadores, com foco na prevenção de doenças e danos relacionados às condições de trabalho. Envolve o acompanhamento médico, a avaliação de riscos ocupacionais, o controle de agentes nocivos e o desenvolvimento de programas de prevenção.

Na prática, isso se traduz em medidas como exames admissionais, periódicos e demissionais, análise ergonômica dos postos de trabalho, programas de promoção da saúde e controle de riscos. 

Uma gestão bem estruturada nessa área reduz acidentes, melhora a produtividade, valoriza os colaboradores e diminui custos com afastamentos e tratamentos médicos.

Principais desafios da saúde ocupacional no Brasil

Apesar dos avanços, a implementação de práticas eficazes em saúde ocupacional enfrenta desafios importantes. Entre os principais, estão:

  • Transtornos mentais relacionados ao trabalho: casos de burnout, ansiedade e depressão aumentaram de forma significativa nos últimos anos, especialmente após a pandemia. Segundo o relatório Saúde Mental e Trabalho (da OIT e Organização Mundial da Saúde – OMS, 2022), mais de 15% dos adultos em idade produtiva apresentam transtornos mentais, sendo o ambiente profissional um fator de influência direta. No Brasil, a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT) estima que cerca de 30% dos trabalhadores convivem com sintomas da síndrome de burnout, associada à sobrecarga, pressão por resultados e falta de apoio institucional.
  • Ergonomia e LER/DORT: Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) estão entre os principais motivos de afastamento no trabalho. A ausência de adequações ergonômicas e a repetição de movimentos afetam diretamente a saúde física dos trabalhadores. Dados da Previdência Social apontam que essas condições estão entre as cinco principais causas de concessão de auxílio-doença no país.
  • Subnotificação de doenças ocupacionais: muitas enfermidades relacionadas ao trabalho não são oficialmente informadas. Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), apenas 7% dos casos chegam ao sistema oficial de registro. A OIT alerta que, em escala global, esse índice pode ultrapassar 80% em doenças crônicas de evolução lenta, como transtornos musculoesqueléticos e mentais, dificultando a adoção de medidas preventivas eficazes.
  • Impactos das novas tecnologias: a automação e a digitalização dos processos produtivos são um caminho sem volta e transformaram o ambiente de trabalho. De acordo com a OIT, essas mudanças exigem constante atualização das políticas de saúde e segurança, além de qualificação contínua dos profissionais da área. A integração de tecnologias como inteligência artificial e sensores pode melhorar o monitoramento de riscos, mas também apresenta novos desafios de gestão.

 

  • Desigualdades regionais e limitações nos CERESTs: os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CERESTs) enfrentam dificuldades estruturais e distribuição desigual no território nacional. Apenas 73,7% das 438 Regiões de Saúde do Brasil, isto é, áreas geográficas contínuas, compostas por municípios limítrofes, que compartilham características culturais, econômicas, sociais e de infraestrutura, possuem cobertura regional de um CEREST. A carência de infraestrutura, recursos humanos e capacitação especializada compromete a vigilância e a promoção da saúde do trabalhador em muitas regiões.

 

Normas Regulamentadoras (NRs): fundamentos da saúde ocupacional

As Normas Regulamentadoras (NRs), emitidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), estabelecem requisitos mínimos de segurança e saúde que devem ser observados por empregadores e empregados. A seguir, as mais relevantes:

  • NR-1 – Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO): estabelece os princípios gerais de saúde e segurança no trabalho e torna obrigatória a implementação do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) por meio do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
  • NR-5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA): regula a constituição, as atribuições e o funcionamento da CIPA, com o objetivo de prevenir acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, promovendo a participação ativa dos trabalhadores.
  • NR-6 – Equipamentos de Proteção Individual (EPI): define os tipos de EPI, as responsabilidades pelo fornecimento gratuito aos trabalhadores e as regras para seu uso, conservação e substituição.
  • NR-7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO): exige que as empresas desenvolvam e implementem um programa médico com foco preventivo, que inclui exames admissionais, periódicos, de retorno ao trabalho, de mudança de função e demissionais.
  • NR-9 – Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes Físicos, Químicos e Biológicos: determina a identificação e o controle de exposições ocupacionais nocivas, orientando medidas de prevenção, monitoramento ambiental e vigilância em saúde.
  • NR-10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade: estabelece requisitos para atividades com eletricidade, priorizando a prevenção de choques, queimaduras e explosões.
  • NR-15 – Atividades e Operações Insalubres: lista as condições de trabalho que expõem os trabalhadores a agentes nocivos à saúde, como ruído, calor, produtos químicos e agentes biológicos, além de fixar limites de tolerância e critérios para o pagamento de adicional de insalubridade.
  • NR-17 – Ergonomia: orienta a adaptação do ambiente e das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, com foco no conforto, segurança e desempenho eficiente.
  • NR-32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde: voltada a ambientes hospitalares e clínicas, visa proteger profissionais da saúde de riscos biológicos, químicos, ergonômicos e acidentes com materiais perfurocortantes.

(Leia também: NR-01 é atualizada para dar maior destaque à questão da saúde mental)

A saúde ocupacional como parte da gestão de pessoas

Mais que uma exigência normativa, a saúde ocupacional deve ser incorporada à estratégia de gestão de pessoas. Quando integrada às áreas de Recursos Humanos e Benefícios, contribui para a retenção de talentos, redução de afastamentos e melhoria do clima organizacional.

Empresas que adotam essa abordagem ampliam sua capacidade de implementar programas como qualidade de vida, apoio psicológico, prevenção de doenças crônicas e políticas de ergonomia. 

Além disso, os dados gerados por exames, laudos, indicadores de absenteísmo e relatórios de risco ajudam a orientar decisões sobre jornadas, funções e benefícios.

O papel da tecnologia na saúde ocupacional

A gestão da saúde ocupacional também pode ser profundamente transformada com o apoio de tecnologias. Ferramentas digitais permitem centralizar dados, automatizar processos, gerar relatórios em tempo real e aprimorar a tomada de decisão com base em evidências.

E mais: soluções tecnológicas viabilizam a integração de diferentes áreas da empresa – como SESMT, RH e jurídico – e promovem maior agilidade na gestão de riscos, controle de exames periódicos, análise de absenteísmo e implementação de ações preventivas.

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