15 de outubro de 2025

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Categories: Saúde

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Saiba como o ambulatório digital ajuda a reduzir internações evitáveis

O ambulatório digital está no centro de uma transformação silenciosa, mas decisiva, na saúde brasileira. Ele responde a um desafio antigo e persistente: as internações evitáveis, que seguem entre as maiores pressões do sistema de saúde. Esses casos acontecem quando condições comuns, como hipertensão, diabetes e insuficiência cardíaca, não recebem acompanhamento adequado e evoluem para complicações graves. O resultado são custos elevados, leitos hospitalares ocupados e perdas significativas para empresas, operadoras e pacientes.

Esse problema ganhou uma definição oficial em 2008, quando o Ministério da Saúde instituiu a lista das Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária (ICSAP) por meio da Portaria nº 221. O indicador reúne diagnósticos como hipertensão, diabetes, asma, insuficiência cardíaca e infecções urinárias, cuja hospitalização poderia ser evitada com atenção básica efetiva e monitoramento contínuo. Desde então, as ICSAP se tornaram uma referência para avaliar a resolutividade da atenção primária no Brasil.

É justamente nesse ponto que o ambulatório digital pode fazer a diferença. Ao combinar teleconsultas, monitoramento remoto e integração de dados clínicos, ele permite que, sobretudo doenças crônicas sejam acompanhadas de forma mais próxima e preventiva. Doenças como diabetes e hipertensão. Esse modelo reduz as chances de agravamento, fortalece a continuidade do cuidado e abre espaço para um sistema de saúde mais sustentável, no qual a prevenção ocupa o papel central.

 

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O peso financeiro das internações evitáveis

As internações hospitalares são, historicamente, o item de maior peso no orçamento da saúde suplementar. O boletim Panorama – Saúde Suplementar da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mostra que as despesas médias com internações cresceram 27,4% entre 2019 e 2025, mesmo após a fase crítica da pandemia. Isso significa que os custos seguem em alta, pressionando tanto operadoras quanto empresas contratantes, por exemplo.

No Sistema Único de Saúde (SUS), a fotografia não é diferente. Apenas em 2022, o DATASUS/TabNet registrou 127.940 internações por diabetes, com gasto superior a R$ 128 milhões. São recursos que poderiam ser redirecionados para programas de prevenção e atenção primária. 

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Por outro lado, estudos reforçam o mesmo ponto. Uma pesquisa publicada na Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade revela que doenças crônicas estão entre os principais diagnósticos que geram ICSAP, enquanto um levantamento da Ciência & Saúde Coletiva detalha que elas concentram uma parcela significativa dos custos hospitalares evitáveis.

E esses números não afetam apenas os sistemas de saúde. Para empresas, cada internação de um colaborador representa afastamentos longos, custos indiretos com substituições e queda de produtividade.

Como o ambulatório digital transforma o cuidado de pacientes crônicos

A proposta do ambulatório digital é mudar a lógica do cuidado, ou seja, em vez de esperar a doença se agravar, acompanhar o paciente de forma contínua. Ele combina três pilares:

  • Teleconsultas, que permitem acesso rápido a médicos e especialistas.
  • Monitoramento remoto, com coleta de dados de saúde feita em tempo real.
  • Integração clínica, que conecta informações em prontuários eletrônicos, relatórios e alertas.

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Na prática, isso significa que um paciente com hipertensão, por exemplo, pode registrar sua pressão arterial em um aplicativo diariamente. O sistema oferece condições de análise quando integrado ao prontuário médico.

A eficácia dessa abordagem é respaldada por estudos recentes. Em 2024, foram publicadas análises apontando que programas de monitoramento remoto estão associados a redução de hospitalizações, idas ao pronto-socorro e dias de internação em avaliações de curto prazo (PubMed 2024). O relatório Digital Health Trends 2024, do IQVIA – empresa global de análise e tecnologia que fornece dados e inteligência para o setor de saúde e farmacêutico –, confirma que o uso de dados digitais em tempo real é uma das frentes mais promissoras na prevenção de complicações em pacientes crônicos.

Além do aspecto clínico, porém, o ambulatório digital traz conveniências como check-ins semanais sobre sintomas, sono e adesão a medicamentos que ajudam a construir uma linha de cuidado personalizada. E mais: para colaboradores com dificuldade de deslocamento, esse modelo significa acesso mais rápido e prático ao suporte de saúde.

Casos brasileiros

O Brasil já reúne experiências consistentes que demonstram o valor do ambulatório digital.

  • HCor-SP – O hospital desenvolveu o Programa de Cuidados Clínicos de Insuficiência Cardíaca que mostrou resultados concretos. O acompanhamento estruturado reduziu em 50% as reinternações e em 30% a mortalidade de pacientes atendidos, segundo dados publicados pelo próprio HCor.
  • Unimed-BH – A cooperativa médica oferece a Consulta On-line, com atendimentos em clínica médica, especialidades e saúde mental. Durante a pandemia, relatou no Inova Coop que a telessaúde ajudou a reduzir a procura por pronto atendimento em casos de baixa complexidade, liberando recursos presenciais para situações mais graves. Esse movimento também contribui para evitar que quadros simples evoluam desnecessariamente para hospitalizações.

Esses exemplos revelam que o ambulatório digital não é apenas uma promessa, pois já funciona, gera economia e melhora a experiência de muitos pacientes.

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Ambulatório digital, produtividade e finanças corporativas

O impacto das internações evitáveis também se reflete no ambiente de trabalho. Quando ocorre a hospitalização de um colaborador, a empresa enfrenta não só custos com afastamento, mas também perda de produtividade.

Levantamentos do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) apontam que as doenças crônicas estão entre as principais causas de absenteísmo prolongado, e que empresas que investem em saúde digital conseguem reduzir parte desses afastamentos (IESS – Saúde nas Empresas). 

Além disso, a lógica de custo é clara: uma internação hospitalar tem valor muito mais alto do que a despesa per capita de um programa digital de acompanhamento. Em uma revisão sistemática recente, o monitoramento remoto com dispositivos reduziu o uso de serviços hospitalares em 72% dos 116 estudos avaliados, em comparação com cuidados habituais. 

Um estudo específico com pessoas com diabetes tipo 2, porém, demonstrou que o acompanhamento contínuo de glicose (Continuous Glucose Monitoring – CGM) não só melhora o controle glicêmico, mas também reduz internações, resultando em menores custos assistenciais. Relatórios internacionais como o da PwC – Digital Health ROI corroboram que, quando a saúde digital é usada para monitorar pacientes crônicos e prevenir agravamentos, o retorno sobre investimento (ROI) se torna evidente.

Da prevenção à produtividade: um ciclo virtuoso

O ambulatório digital, reúne tecnologia, prevenção e cuidado contínuo em um único modelo, capaz de gerar benefícios em todas as pontas:

  • Pacientes: recebem atenção personalizada, com menos riscos de agravamento.
  • Empresas: reduzem afastamentos, preservam produtividade e fortalecem sua marca empregadora.
  • Operadoras: ganham previsibilidade financeira e menor sinistralidade.

Esse ciclo virtuoso cria um caminho para um sistema de saúde mais sustentável, em que a prevenção ocupa o lugar central, por exemplo. A Oliv-e Saúde é uma healthtech especializada em tecnologias integradas para empresas que valorizam o cuidado contínuo e inteligente com seus colaboradores. Clique neste link e conheça mais detalhes sobre as ferramentas oferecidas pela empresa.